A figueira, ou papilomatose bovina, é uma enfermidade que acomete com freqüência os rebanhos brasileiros. Enquanto no gado de leite a doença é registrada durante todo o ano, sem um período específico de maior ocorrência, no de corte a época de maior incidência se dá no final do verão e durante o outono.
Causada por um vírus (papilomavírus bovino) não transmissível ao ser humano, a moléstia caracteriza-se pela formação de lesões tumorais na pele, mucosa e em alguns órgãos de bois e vacas.
Segundo Sandro César Salvador, médico veterinário e professor da Ufla (Universidade Federal de Lavras), os tumores são benignos e, em geral, ficam pendurados.
As maiores vítimas são os bezerros com até 18 meses, especialmente na época de desmama, quando ficam com a resistência reduzida.
“É mais fácil deparar-se com a figueira em rebanhos de leite, sobretudo pela proximidade física entre os animais, o que ajuda na transmissão do vírus, alojado no sangue, esperma e secreções do adoentado”, diz Salvador.
Com o gado de corte, em função da criação se dar em grandes pastagens, o distanciamento é maior, dificultando o contato com líquidos contaminados.
O aparecimento de nódulos arredondados e firmes no couro é o principal sintoma. “A melhor estratégia para os pecuaristas é a identificação precoce da enfermidade e o tratamento imediato”, aconselha o docente da Ufla.
O tratamento é relativamente simples e dificilmente a figueira provoca a morte do bovino. Mas se adquirir a papilomatose no esôfago – contraída a partir de contato com um dos subtipos do vírus – o descarte do animal torna-se inevitável, pois, nesse caso, não há cura.
Essencialmente, os prejuízos ao produtor decorrem do atraso no desenvolvimento do animal – que retarda o abate e aumenta os gastos com alimentação – e das despesas com o tratamento.
Prevenção e tratamento
* Procedência
A melhor forma de prevenção é não adquirir animais de rebanhos nos quais exista o registro da doença.
* Identificação da causa
Quando a doença é freqüente e acomete muitos indivíduos do rebanho, pode estar ocorrendo algum fator estressante que provoca a queda de resistência dos animais. Por isso, é preciso identificar o problema e eliminá-lo. Alguns exemplos disso são a carência de alimentação e a desmama em condições inadequadas.
* Autovacina
É considerado o método de tratamento mais eficiente – o medicamento é produzido com uma parte do próprio tumor. Para cada cabeça de gado a ser tratada, são necessários 5g de tumor. Embora o termo autovacina indique um efeito preventivo, o produto é curativo.
* Eficácia variável
Outra maneira de se tratar é com a aplicação de um produto chamado clorobutanol. Porém, sua eficácia é variável e “só às vezes resolve”.