Estudo dinamarquês analisa estilo de vida e comportamento infantil
Uma pesquisa recente da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, gerou discussões ao sugerir que grávidas que bebem vinho de forma muito moderada podem ter filhos mais equilibrados emocionalmente e com melhor comportamento.
A psicóloga Janni Niclasen, responsável pelo estudo, ressalta que essa correlação não se deve ao álcool em si, mas a um estilo de vida mais saudável das gestantes envolvidas.
A nuance por trás da descoberta
Apesar da manchete impactante, Janni Niclasen fez um alerta crucial ao Daily Mail:
“Isso não é um convite para as mulheres grávidas a beber”.
O estudo, que acompanhou 100 mil mães e filhos, revelou que as gestantes que consumiam uma quantidade mínima de álcool (o equivalente a cerca de 10 garrafas de vinho branco com 12% de álcool por volume ao longo de toda a gravidez) apresentavam um estilo de vida mais abrangente e saudável. Isso incluía não apenas hábitos alimentares, mas também fatores psicológicos, como uma forte ligação com o bebê.
Segundo Niclasen, são esses fatores de bem-estar geral, e não o álcool, que parecem estar associados a uma maior estabilidade emocional e melhor comportamento nas crianças avaliadas aos sete anos de idade.
A pesquisa dinamarquesa sobre grávidas que bebem vinho examinou mulheres com consumo pequeno de álcool em três ocasiões — duas durante a gestação e uma quando o bebê completava seis meses. Aos sete anos das crianças, 37 mil mães foram reavaliadas para rastrear o desenvolvimento comportamental, emocional e o relacionamento com os filhos.
A profundidade da metodologia e o contexto social
Para compreender a fundo os resultados, é fundamental olhar para a metodologia rigorosa do estudo. Os pesquisadores acompanharam os participantes desde o nascimento, coletando dados detalhados. A psicóloga Janni Niclasen explicou que o estudo se baseia em uma perspectiva holística, considerando que o consumo de álcool não pode ser analisado isoladamente. As mães que participaram da pesquisa e que relataram um consumo mínimo de álcool tendiam a ser de um grupo socioeconômico mais alto, com acesso a cuidados de saúde de qualidade, nutrição adequada e maior estabilidade emocional, o que pode ter influenciado diretamente o desenvolvimento dos filhos.
O estudo reforça que os resultados são uma correlação, e não uma relação de causa e efeito. Em outras palavras, o álcool não causa um melhor comportamento, mas está associado a um grupo de mães com um estilo de vida que, de fato, contribui positivamente para o desenvolvimento infantil.